Visita Fundação Vera Chaves Barcellos (FVCB) #fail :/

          Hoje está se realizando a visita à Fundação Vera Chaves Barcellos (FVCB), a qual infelizmente não consegui chegar a tempo para ir 😪😪 quase cheguei segundo a guarda do planetário, mas como o ônibus já estava aguardando caso esperasse mais a turma iria se atrasar muito para a visita..... enfim, por esse motivo falarei apenas sobre o texto que li. Infelizmente não tive a discussão como os demais colegas, mas falarei meus apontamentos sobre "Mediação cultural é social" de Ana Mae Barbosa (2009).
          A autora inicia seu texto falando sobre a construção do conceito de educação como mediação segundo Vygotsky, Rousseau, Sócrates... e traz como melhor definição a de Paulo Freire, na qual ninguém aprende sozinho e ninguém ensina nada a ninguém, aprendemos uns com os outros mediatizados pelo mundo. Então atribui-se ao professor o papel de mediar as relações de seus pupilos com o mundo, o qual devem conquistar com seus conhecimentos, e assim a autora considera que a Arte tem uma enorme importância nessa mediação e conquista dos alunos e o mundo. E o local onde melhor ocorre essa mediação, é no museu.
          Os Museus são laboratórios de conhecimento de arte, nos quais os alunos devem ser levados para a experimentação da arte que aprenderam na sala de aula, com oficinas e ateliês por exemplo, para colocarem em prática os conhecimentos apreendidos. O que me lembrou o museu fórum de Ulpiano Bezerra de Meneses.
          Então a autora aborda sobre os setores, ou departamentos de educação, em instituições culturais e de arte ainda serem recentes, principalmente por resistência de muitos curadores e artistas, por não verem o Museu como espaço de educação. Para tanto cita a Bienal de 1998 onde os mediadores tinham camisetas com a frase "Tira Dúvidas", designando-se assim uma humilhante posição a esses arte-educadores, ou mediadores, para não desempoderar os artistas e curadores.
          O ensino aprendizagem entre museu e escola de arte mudou em 1855 na National Gallery em Londres, onde o diretor da época adotou outra maneira de se expor as obras. Ele estabeleceu a posição das obras por sua ordem cronológica (o que acho bárbaro, pois eu consigo aprender compreendendo datas e cronologias). Antes os alunos deveriam decorar datas de nascimento e morte dos artistas, a localização de sua obras, características de pinturas, etc. O Museu de Arte Moderno de Nova York inovou pendurando suas obras por movimentos (impressionismo, cubismo, expressionismo...), apesar da cronologia prevalecer. Então a autora cita sobre os CD-ROMS como enciclopédias de obras e museus, que hoje, oito anos após o texto da autora, parecem ser obsoletos, pois com o uso da internet e smartphones temos todas as informações que queremos nas palmas de nossas mãos a hora que quisermos. Sem falar das visitas que podemos fazer aos mais conceituados museus do mundo, podendo ter uma experiência virtual que muitas vezes nos possibilita uma aproximação das obras maior do que na realidade, além de imagens tão perfeitas que nos permitem ver detalhes imperceptíveis a olho nu.
          Depois ela fala sobre o museu educar pela experiência da interpretação, onde combinando-se obras de diversos artistas pode-se propiciar uma leitura da Arte e da História da Arte. Como por exemplo fez a Tate Modern, onde em uma sala colocou uma paisagem de Monet que dialogava com uma paisagem preto e branco de Richard Long, e o visitante com a ajuda de um computador, era estimulado a reconstruir os cem anos de História da Arte que se passaram entre uma obra e outra. Ou por exemplo, diferentes obras de nus femininos, que faziam o visitante refletir sobre as diferentes representações estéticas do corpo feminino em épocas distintas. Enfatiza que devemos mudar nossa maneira tradicional de ressaltar apenas a obra e o autor e não pensarmos no visitante, o observador, em como ele irá apreender sobre o que a obra e o autor querem dizer. Para tanto as oficinas e atividades culturais são essenciais nos museus.
          Os primeiros serviços educativos em museus voltados para a Arte são de 1950 no RJ, e os departamentos educativos em museus são do MAC/SP e Museu Lasar Segall - SP na década de 1980. Mas só a partir da década de 1990, com novas determinações do MEC para a introdução de conhecimento de Arte nas escolas de ensino fundamental e médio, é que teve-se uma maior conscientização social e procura das escolas aos Museus. E também da mercantilização das megaexposições com seus patrocinadores e a busca por números cada vez maiores de visitantes (que consequentemente aumentam as estatísticas de visitas, dão a ideia ao público que não visitou da necessidade de entrar para a taxa de visitantes e, atualmente com nossas redes sociais, a aceitação por parte da sociedade em se encaixar ao  padrão do que todos estão fazendo), que viram no público escolar um grupo ímpar para o aumento do número de visitantes (1 turma = 20/30 visitantes).
          A autora aborda analises feitas nos processos de mediação utilizados por instituições que direcionam o visitante a uma visita guiada, pois possuem roteiros prontos, condicionando-o a olhar apenas para certas obras, sem ter a reflexão, o diálogo, sem ter compreensão e portanto, estarem aptos a realizarem mediação. É necessário que o mediador tenha uma compreensão da exposição, participe de reuniões, discussões com textos, curadores e artistas, se possível, para ter o diálogo de todos os envolvidos, e não que o mediador seja apenas um reprodutor das ideias do curador ou do artista. Que o mediador seja capaz de responder a perguntas que não estejam no roteiro para mediadores (ou não, pois todos somos humanos e não máquinas que sabem de tudo), que o mediador seja capaz de dialogar, discutir, refletir, junto com o visitante, e então seja um mediador e não um guia. Um dos exemplos que a autora cita, é a exposição "Labirinto da moda" no MAC/SP onde aconteceu uma formação de mediadores antes da exposição abrir ao público, e também durante a exposição, pois ao longo das visitações novas questões são levantadas.
             Em 2004 o Centro Cultural do Banco do Brasil em SP (CCBB-SP) encomendou uma pesquisa para a autora, Ana Mae Barbosa, juntamente com Rejane Coutinho e Heloisa Margarido Sales, na qual elas analisaram o que os professores de Arte fazem ou como utilizam os materiais impressos preparados pra eles sobre cada grande exposição apresentada, juntamente com mais 4 mil desenhos de crianças e adolescentes (os resultados estão no livro Artes visuais: da exposição à sala de aula (2005). Pois a autora coloca que muitos educadores possuem aversão aos materiais educativos dados pelos museus, pois neles estão textos resumidos dos curadores, dando a ideia de que os professores não possuem capacidade suficiente para entenderem suas proposições, ou materiais com questionamentos infantilizados, ou que não se dirigem a questões de arte, desestimulando associações e interpretações, como supracitado.
          Segundo a autora grande parte das ONGs que trabalham arte e educação, considerando os espaços culturais também espaços de ensino, não somente o espaço escola, têm obtido sucesso. É preciso uma maior conscientização, e reconhecimento em várias partes de nossa sociedade, às instituições de arte, espaços culturais e museus. Assim como outro texto que vimos em aula da autora Maria Célia Trigueiros Moura Santos (2001) Museu e educação: conceitos e métodos, onde a autora coloca que os museus são espaços de extensão de ensino da escola, onde aprender seja divertido para além, muitas vezes, de jogos que são feitos para ações educativas com a mera proposta de dar informações aos alunos, sem os instigarem a pensar. E finalizo com um apontamento de Ana Mae Barbosa que nos faz refletir...
A arte, como uma linguagem aguçadora dos sentidos, transmite significados que não podem ser transmitidos por nenhum outro tipo de linguagem, como a discursiva ou científica. O descompromisso da arte com a rigidez dos julgamentos que se limitam a decidir o que é certo e o que é errado estimula o comportamento exploratório válvula propulsora do desejo de aprendizagem.
 
 
REFERÊNCIA
         
 BARBOSA, Ana Mae. Mediação cultural é social. In.: Arte/Educação como Mediação Cultural e Social. São Paulo: Editora UNESP. 2009. P 13-23.

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