Palestra Prof. Dra. Maria de Lourdes Parreiras Horta


    Nesta segunda-feira 09/10, participamos da palestra da museóloga Prof. Dra. Maria de Lourdes Parreiras Horta, ou 'Lurdinha' como carinhosamente a Profa. Zita a chama, no Centro Histórico Cultural Santa Casa.
     Na última aula falamos um pouco sobre sua obra "Guia Básico de Educação Patrimonial", juntamente com ouras autoras, lançado em 1999.
     Sua palestra intitulada "A Educação Patrimonial 3D - três décadas de plantio: A arte da inteligência e a Inteligência do olhar" falou um pouco sobre sua trajetória, que como ela mesma disse são mais de trinta anos, algumas ações que participou, ideias museológicas, dentre outras questões no âmbito patrimonial (ela realmente é inspiradora por todo seu trabalho).
     Falou sobre o "Seminário de Educação Patrimonial: Museus e Monumentos" ocorrido enquanto estava no Museu imperial em Petrópolis-RJ. Sobre ações no Engenho Massangana em 1984 com crianças, as quais eram levadas até o Engenho e com atores rememoravam-o na época de seu funcionamento, fortalecendo a consciência patrimonial e a identidade cultural local. Falou também sobre suas experiências em Antonio Padro, e na Quarta colônia ou Silveira Martins, que são colonias de imigração italiana mas que por serem as últimas a serem formadas e mais distantes das outras da Serra Gaúcha, se sentiam renegadas, fazendo-se assim ações que auxiliarão na rememoração e a terem orgulho de suas origens e descendência, e de suas memórias.
     Alguns outros projetos juntamente com a TVE com a série "Salto para futuro" direcionada principalmente para professores sobre educação patrimonial, história, memória e patrimônio. Ministrou cursos e oficinas patrimoniais para Fundação Roberto Marinho e em Minas Gerais, o qual falou orgulhosa por hoje 'andarem com suas próprias pernas' e terem diversas atividades nessa área.
     O Projeto Arca de Noé realizado em algumas cidades de Santa Catarina e do RS como Itá, Piratuba, Marcelino Ramos, Aratiba, etc... as quais foram atingidas pela construção de uma usina hidrelétrica, Itá foi totalmente inundada em 1996 e reconstruída em outro local. O Projeto da Aca de Noé buscou fazer rodas de memórias e ouras atividades com os moradores destas cidades, que hoje recebem grande número de turistas, para assim não irem perdendo suas origens.
     Traduziu (francês para português) o livro de Hugues de Varine "Raízes do Futuro", outro grande autor que estudamos na museologia principalmente nas questões de ecomuseus. 

     Fala então sobre as cartografias da memória, paisagem cultural. Cita Milton Santos Menezes, ou como ela chamou de conceitos 'miltonianos', sobre as diferenças entre espaço (estático) e paisagem (intercâmbio, intermédio, síntese da pluralidade). Traz conceito de cultura e fala sobre a antropofagia cultural. Fala um pouco sobre a história dos museus. Sobre como historiadores que viam o museu como uma caixa preta sem vida, espaço sem utilidade apenas guardando coisas velhas
     A foto ao lado é do Museu Imperial, e ela fala sobre várias ações realizadas no museu, caixas educativas, e a que mais me chamou a atenção, um "Casamento na Corte", onde crianças visitavam o Museu com uma experiência vivenciada, e ao final teatralizavam um casamento no Museu. É possível trazer jogos aos museus, brincadeiras, vida e animação, basta usar a criatividade e a imaginação, e assim tornar os espaços mais convidativos para as escolas e também para o público em geral.
    
     Essa ação do 'Casamento' é o que ela chama de usar o objeto como fonte primária de ensino, e então utilizá-lo na metodologia da educação patrimonial = observação, registro, exploração e apropriação. Cita como exemplo o Museu do Holocausto em Washington, em que a pessoa ao entrar recebe um passaporte com um nome, e sua experiência é vivenciada como se fosse a pessoa do passaporte. Conta também de uma exposição no Museu Imperial em que a exposição era retratar os navios vindos de Portugal para o Brasil, então você literalmente entrava dentro de um navio e de um lado era representado os africanos escravizados, e do outro a corte portuguesa.

     Museus são meios de comunicação em massa, e a comunicação pode ter vários sentidos senão coordenada, pois o que tem significado para uma pessoa para outra pode ter outro sentido. (No final quando foram abertas as perguntas, a questionaram sobre o fechamento da exposição no Santander Cultural, e ela respondeu que acredita ser uma total falta de comunicação, o que concordo, pois museu é local de produção mas também de transformação de conhecimento, de diálogos, local de romper preconceitos... acredito que a instituição poderia ter aberto discussões sobre a exposição, mostrado seu ponto de vista, o propósito da exposição, uma conversa com os artistas e curador, e então sim após essas discussões poder tomar um posicionamento de interrompe-la.) 

     Fala então sobre os atuais 'homo postalis' e 'homo publicantis', fenômenos atuais das redes sociais. E como o medo da perda da memória é mais angustiante do que os suportes físicos e concretos, patrimônio. E por fim colocou a seguinte frase (foto ao lado) 

      "O passado olha para o presente: 'O que você quer de mim?"         



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