O patrimônio cultural e a construção imaginária do nacional

     Neste texto discutimos sobre “os processos de urbanização, industrialização e massificação da cultura, as migrações e a transnacionalização dos bens materiais simbólicos, a globalização e as formas de integração econômica que exigem a redefinição do que hoje podemos entender por nação.”
            Canclíni afirma que o patrimônio não inclui apenas a herança de cada povo como seus heróis, mitos, mas também a sua cultura, suas crenças, costumes, ou seja os bens culturais móveis visíveis ou invisíveis. E além disse Canlíni também nos faz refletir que grande parte dos produtos da cultura popular são o que reconhecem a cultura da nação, e não apenas a cultura da parte economicamente privilegiada. “Os produtos gerados pelas classes populares costumam ser mais representativos da história local.”
            O patrimônio cultural serve, assim, como recurso para produzir as diferenças entre os grupos sociais e a hegemonia dos que gozam de um acesso preferencial à produção e distribuição de bens. O patrimônio cultural expressa a solidariedade que une os que compartilham um conjunto de bens e práticas que os identifica, mas também costuma ser um lugar de cumplicidade social. Porém, Canclíni nos fala que os bens reunidos por cada sociedade na história não pertencem realmente a todos, ainda que formalmente pareçam ser de todos e estar disponíveis ao uso de todos. As investigações sociológicas e antropológicas sobre as maneiras como se transmite o saber demonstram que diversos grupos de apropriam de forma desigual e diferente da herança cultural. À medida que descemos na escala econômica e educacional, diminui a capacidade de apropriação do capital cultural transmitido por essas instituições.


“Aquilo que se entende por cultura nacional muda de acordo com as épocas. (...) suportes concretos e contínuos do que se concebe como nação. (...) em boa parte o que se considera como tal é uma construção imaginária.” Mas o que um conjunto social considera como cultura própria, que sustenta sua identidade e o diferencia de outros grupos? O que os une e os fazem se sentirem pertencentes a sua nação, o que os fazem muitas vezes lutarem por convicções mas que são comuns a milhares, o mesmo sentimento.

Referências:
CANCLINI, Néstor GarcíaO patrimônio cultural e a construção imaginária do nacional. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 23, p. 95 – 115, 1994.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Palestra Prof. Dra. Maria de Lourdes Parreiras Horta